Abin paralela: entenda indiciamento de Carlos Bolsonaro e Ramagem

PF indiciou mais de 30 pessoas; corporação concluiu investigação sobre o uso ilegal de ferramentas de monitoramento na Agência Brasileira de Inteligência (Abin)

Elijonas Maia e Leticia Martins, da CNN, Brasília e São Paulo
Carlos Bolsonaro, vereador  • Flickr - Gabinete Carlos Bolsonaro
Compartilhar matéria

Nesta terça-feira (17), a Polícia Federal (PF) concluiu as investigações sobre o caso "Abin Paralela", sobre o uso ilegal de ferramentas de monitoramento na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Mais de trinta pessoas foram indiciadas; entre elas, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

Entenda por que eles foram indiciados:

Carlos Bolsonaro

O vereador Carlos Bolsonaro foi indiciado por chefiar o chamado "gabinete do ódio", que teria utilizado as informações obtidas por meio da "Abin paralela" para produzir e disseminar conteúdos nas redes sociais com o objetivo de atacar adversários políticos do ex-presidente, segundo a PF.

Alexandre Ramagem

O deputado Alexandre Ramagem é apontado como o principal responsável por organizar o esquema ilegal de monitoramento. Ele ocupou o cargo de diretor da Agência Brasileira de Inteligência durante o governo Bolsonaro.

CNN procurou a defesa dos indiciados e aguarda as manifestações.

Jair Bolsonaro

A PF confirmou a atuação de Jair Bolsonaro pelo crime de organização criminosa. Segundo as investigações, o ex-presidente tinha conhecimento do funcionamento da estrutura, não tomou medidas para interromper a prática e a usou para se beneficiar.

O nome do ex-presidente, no entanto, não consta necessariamente na listagem formal porque ele já responde pelo mesmo crime na ação do golpe. Pelo “princípio da vedação da dupla incriminação”, uma pessoa não pode responder duas vezes pelo mesmo fato.

Abin Paralela

As investigações apontam que policiais, servidores e funcionários da Abin formaram uma organização criminosa para monitorar pessoas e autoridades públicas, invadindo sem autorização judicial celulares e computadores. O esquema serviria para monitorar desafetos do governo Bolsonaro.

De acordo com o relatório da PF, o sistema israelense de geolocalização FirstMile foi usado de forma irregular para espionagem, especialmente em 2021, período pré-eleitoral. A ferramenta, desenvolvida pela empresa Cognyte (ex-Verint), teria permitido o rastreamento de até 10 mil celulares por ano nos três primeiros anos do governo Bolsonaro.

A investigação revela ainda que ministros do STF, deputados e jornalistas tiveram suas localizações rastreadas por essa "Abin paralela", estruturada à margem dos procedimentos legais da agência.

OSZAR »